sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sonhei


Noite passada sonhei com você, vou te contar como foi:
Meio sem graça
e bonito como sempre
abraçou-me sorrindo, dizendo-me “oi”.
Vento gelado, abraço apertado.
Havia esperado horas por aquele momento ao teu lado.
Ensaiei para te dizer algumas frases bonitas
ousei até pensar em te dar um beijo.
Meros desejos.
O máximo que consegui foi ficar em silêncio.
Não era falta de amor
nem ausência da vontade:
era o medo que havia me paralisado diante da sua presença,
faltou-me a coragem.
Mas parecia tão real, veja que bobagem.
Tô voltando pra casa.
Fui tomar umas no bar, sozinho mesmo
para esquecer
ou relembrar, sei lá.
Queria mesmo era receber uma ligação sua
dizendo qualquer coisa que me fizesse rir
que me deixasse feliz, assim
saber que também pensas em mim.
Resta-me apenas ouvir as músicas que lembra você,
olhar as fotos que te roubei sem você perceber.
Outra noite, e eu recostado no travesseiro,
como se deitasse mesmo no seu colo
ganhando novamente o teu primeiro beijo.
Nos meus sonhos, ainda te vejo:
teu amor insiste em não me deixar,
e mesmo que o quisesse
também não o deixo.
Passo a noite a imaginar os momentos que não vivemos
os planos que jamais fizemos
o belo casal que nunca fomos.
Mas ainda acredito,
diz a lua que fomos feitos um para o outro.
Melhor dormir, ou ao menos tentar.
Perdoe-me se durante a noite eu chorar,
são só as lágrimas de um garoto ainda não cansado de sonhar.

Para Bruno Lobo, linda inspiração.
25 de Maio de 2011.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Matei dentro de mim


Acabou: me falta até o que pensar,
e já não é tão divertido brincar de me arriscar
pois se um dia você me amou
esqueceu de me avisar.
Já não posso mais suportar o peso do seu não saber amar
e prefiro ir embora
ao me contentar com as suas migalhas.
O que sente por mim são alguns ímpetos de paixão
a aventura da traição, alguma sorte sem razão.
Mas eu, tão prudente e inseguro
descobri-me um tanto medroso quanto aos fantasmas do nosso futuro.
Desacreditava do dia em que me deixasse
ou das noites em que me beijasse sem mais amor.
Acorda, baby. Acabou.
Mas se doeu, já passou
e quando foi, eu nem vi.
Foi num instante, quase sem querer
que notei a tua falta em mim.
Percebi que já não tenho mais a tua imagem naquele velho retrato
nem o teu cheiro pelos corredores.
Descobri tua ausência no espaço vazio da minha cama
entreguei-me sem pensar em você nos braços de quem não me ama.
Sumiu das conversas com os amigos
deixou de atuar nos meus sonhos,
de fazer parte dos meus planos.
Desapareceu das telas do cinema,
escorregou por entre as páginas de um livro.
Não assombra minhas noites frias e vazias
nem reflete no rosto das pessoas numa esquina.
Suas palavras já não me ferem
teu olhar não me desespera
tua insegurança não me devora.
Boa sorte, querido
mas chegou a hora de ir embora.
Eu vou e nem olho pra trás
não adianta chorar, você vai
e não volta mais.

Em 25 de Maio de 2011.
Para D.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Seus olhos (por Igor Vinícius)

Eu vi nos seus olhos.
Juro que vi, na pupila mais dilatada
e no semblante mais desorganizado.
Olhos de caçador que já fora presa
num tempo que se perdeu e não volta.
Hoje seus olhos de águia voam por buracos no céu
atravessam o sol e a lua,
transformam-se no eclipse de uma alma.
Fura as nuvens e faz arder os olhos espalhados pelo chão.
Tem o esplendor do sol: ilumina e aquece.
Tem o brilho da lua,
acende-se na escuridão e junta-se às estrelas.
E no fim, o mesmo não existe.
Desaparece feito pôr-do-sol, para nascer de novo,
brilhante e certo de qualquer estrada que se siga
é um novo caminho a percorrer.

Para Henrique, o Mocinho de Novela Mexicana.
Com toda a admiração pelos seus passos. Por Igor Vinícius.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Um dia em Fevereiro


Houve um dia
um domingo de céu cinza e chão molhado,
como meus olhos, tão dispersos e solitários
quando por mim você passou:
tão leve, tão solto
deixou em mim o seu rastro,
o seu gosto.
O que se passava em volta
já não sei.
Desapareceu
com tal imagem
com tal acontecimento
com tal você.
E pelas ruas hoje eu vou
em busca do meu juízo perdido,
juízo esse que talvez eu nunca tive
ao me apaixonar por esse menino bonito.
Dançando, na chuva
tristemente a nossa música
eu me entrego aos teus passos,
descontrolados.
E aquele domingo ainda não acabou.
Meu ontem
não passa de lembranças frias
e fotos velhas.
E agora
você, meu menino
me segue nos pensamentos,
mais vivo do que mesmo consigo ser
assim, sem você.

Para Éder e Sílvia, meus queridos.
em 10 de Fevereiro de 2009.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Assim eu


Eu, calado, me descobri santo.
Eu, amigo, sou bondade.
Eu, sem vergonha, me revelei tantos.
Eu, um tanto chato, me descobri maldade.
Com ele, me descobri sorte.
Chorando, me descobri verdade.
Anoitecendo, me descobri vaidade.
Eu, na cama, me descobri muitos.
Eu, à toa, me descobri bobagem.
Na chuva, me descobri criança.
Com raiva, me descobri vingança.
Na rua, me descobri só.
Sozinho, me descobri louco.
Sem amor, fui apenas tão pouco.
Sem ele, me encontrei metade.
Sem nós, me descobri saudade.

Para o Meu Amado, sempre.
Em 11 de Novembro de 2009.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Adeus


Eu te esperei
com toda a malícia de uma criança travessa
com toda a inocência de um cara apaixonado.
Acostumei-me com o estado frio das coisas sem você
com a solidão do meu corpo sem te ver.
Fingi acreditar nas suas desculpas baratas
contos de uma história mal escrita, mal narrada.
Porque fez isso comigo?
Conquistou-me com seus modos tão bonitos,
e depois foi embora, levando junto a minha paz.
Queria eu ser mais audacioso nesse jogo
e abandoná-lo antes de ser decretada a minha derrota.
Mas o que passou, não tem volta.
Eu que penso tanto
chego a pensar que nem pensas em mim.
De fato, nem deve se lembrar.
Se o fez, foi com pena
com saudades já não tenho certeza.
Cansei, vou em busca do meu final feliz
guiar minha própria estrada, ser dono do meu nariz.
Não me importo se o tempo demorar a apagar o que aconteceu
mas se não me queres mais, aceite ao menos o meu Adeus.
Deixe-me ir, segue teu caminho sem mim.
Eu fico por aqui, mesmo sem alguém, sem talvez.
Agora tanto faz,
posso escolher entre ficar louco ou tentar ser um bom rapaz.
Quero apenas seguir um novo rumo
deixando tudo o que vem de você para trás.
Espero que seja diferente
de um modo que eu não sofra mais.

Em 03 de Maio de 2011, para D., outra vez.